quinta-feira, 20 de abril de 2017

Os 27


Até pouco tempo eu sentia um certo orgulho da minha condição de humana saudável que raramente ficava doente e nunca foi internada ou frequentou um plantão/pronto socorro depois dos seis ou sete anos de idade. Eu era basicamente indestrutível, pensava. Então chegaram os 27 e com eles todos os problemas possíveis.
Eu que nunca na vida havia quebrado um osso, em menos de dois meses após meu último aniversário fraturei o úmero proximal - ou o ombro, para os leigos. Fazendo o que? Aprendendo a andar de skate, como se tivesse 15. Terminei o domingo no plantão médico. Três semanas com o braço em uma tipóia.
Mal havia terminado de me recuperar totalmente e uma contratura no pescoço me agarrou com vontade no mesmíssimo dia em que uma das piores ressacas de minha existência me deixou na cama um sábado inteiro. A dor durou mais de uma semana e passou com a ajuda antiinflamatórios.
Quando aparentemente meus ossos, nervos e músculos voltaram a funcionar como corresponde, foi a vez do meu rim direito se rebelar contra mim, ao mesmíssimo tempo que um resfriado tinha me transformado em um saco de catarro. Outra visita aos médicos plantonistas, dessa vez à meia-noite. Fui diagnosticada com uma infecção urinária. Já tive isso antes na vida? Evidente que nao. Chegou com os 27.
Enquanto tudo isso ia acontecendo, eu tinha um procedimento cirúrgico marcado para dentro de poucas semanas. Isso porque minha dermatologista disse que uma das milhares de pintas que tenho estava com um aspecto estranho e era melhor removê-la antes que se tornasse um melanoma. Assim, em alguns dias lá estava eu pela primeira vez deitada em uma sala de cirurgia de verdade, com uma camisola, uma touca para a cabeça e duas para os pés, enquanto um senhor arrancava cerca de um centímetro de pele do meu peito direito. Cinco pontos no local. Dez dias de curativo.
Faz só quatro meses que tenho 27.

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