domingo, 4 de junho de 2017

O texto que nunca publiquei

Em janeiro deste ano eu tinha escrito um texto para postar aqui. Era um texto feliz que explicava por que eu me sentia feliz naquele momento e nos últimos meses até então. Nele eu falava sobre como eu me sentia bem até mesmo em acordar cedo para ir trabalhar. Tava ganhando bem? Não tava, mas naquele momento isso era o de menos. Tava tudo perfeito em casa? Tava não, mas isso tampouco era necessário. Fato é que eu tinha chegado a uma sensação que eu e o resto da humanidade vivemos buscando: a sensação de estar bem.
Afinal, não é para chegar aí que fazemos tudo o que fazemos? Compramos roupas, comemos torta de chocolate, tomamos cerveja, mudamos de país, fazemos tatuagens, trocamos de emprego, adotamos um gato, colocamos silicone, fazemos dieta, cortamos o cabelo, limpamos a casa, entramos na academia, arrumamos um namorado, compramos um celular melhor, vamos viajar, tiramos selfies, mostramos tudo no Instagram. Tudo para poder sentir algo bom, se for a longo prazo, melhor. Eu tinha conseguido isso sem fazer várias coisas da lista acima. Tá bom ou quer mais?
Eu não publiquei o texto no mesmo dia que escrevi, não sei exatamente por que. Era a última semana do mês e acho que eu preferia deixar para fevereiro porque eu já tinha postado algumas coisas em janeiro e não sabia se no mês seguinte eu ia conseguir escrever algo, queria garantir uma atualização. Então ficaria para a semana que vem. Acontece que três dias depois eu saí de casa, num desses domingos que não tinham mais aquela cara de domingo. Saí com um skate, tomei um frapuccino maravilhoso e um muffin de chocolate no Starbucks perto de casa. Depois fui caminhando em direção a uma das minhas avenidas favoritas de Buenos Aires, e ali eu caí tentando andar de skate, e o resto da história o prezado leitor já conhece.
Veja bem, eu sei que tu não passa de coincidência e que fraturar o ombro e estar três semanas com uma tipoia no braço direito não é sinônimo de ter sua vida arruinada, só que eu obviamente não me sentia bem naquela semana para publicar um texto que dizia totalmente o contrario. Eu sentia dor, eu não podia usar meu braço direito para nada, eu estava em casa sozinha porque não podia trabalhar, eu sentia calor, eu sequer podia dormir direito. Estava mal humorada, com raiva e triste também.
O problema, estimado leitor, é que desde então eu só senti uma única vez que eu poderia finalmente publicar o texto, mas como não estava segura, deixei assim mesmo. É uma pena, eu acho. Não era um texto excelente, como não é nenhum dos que estão neste blog , mas era algo que eu poderia reler futuramente e que me faria lembrar desse bom momento da minha vida. Hoje, no entanto, eu decidi deletar de vez o maldito arquivo, porque não faz sentido. Ao menos serviu de lição, aquela coisa que todos dizem e ninguém leva a sério: não deixe as coisas para amanhã, porque talvez ele nem chegue. 


PS. Escrevi isso e publiquei logo em seguida, pelas dúvidas. 

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