Acho todo o processo de ir a shows uma reverenda tortura. Desde o momento em que abrem as vendas e você precisa ser muito rápido, porque os ingressos podem terminar em poucas horas. Você fica ali aflito na “fila virtual” (a primeira de tantas), e pode ou não ter êxito em sua compra. Se consegue, depois tem que ir buscar a entrada, dependendo do lugar e do dia, ali se encontra a segunda fila.
Mas nem se compara com a fila para entrar no show, seis meses depois. E a partir daí, bom… você só vai parar de sofrer dali a uns dois dias. Se você conseguir um lugar bem na frente porque chegou cedo, vai perdê-lo em breve porque pessoas que chegaram 10 minutos antes de começar vão roubá-lo de você. Ou vão te chutar e te empurrar e despejar cerveja na sua cabeça até sua paciência esgotar, e aí você vai para trás, onde é mais tranquilo, ainda que não dê para ver nada. Ali você apenas escuta o show que você pagou 20% do seu salário para ver.
E as pessoas vão passando “com licença, com licença” com dois copos de Quilmes nas mãos, porque é mais barato comprar logo dois. E como elas são idiotas de qualquer modo, não se importam em tomar o segundo copo já quente e pela metade (porque a outra parte foi derramada enquanto tentavam caminhar no meio do público).
Como não fui a muitos shows, nem na Argentina e nem no Brasil, aprendi com as pessoas daqui que “é assim mesmo”. Show grande é assim mesmo. Você vai para sofrer e é normal não conseguir ver a banda no palco por mais de 15 minutos (no total). “É assim mesmo”, dizem. Te empurram de uma extremidade a outra, te chutam, te molham com cerveja, roubam seu celular, puxam sua roupa e seu cabelo. No outro dia você tem hematomas, dores musculares e uma camiseta que agora só serve para dormir.
Até que tem sentido amar música e odiar shows.
PS. Este texto foi escrito enquanto me recupero das dores do show do LCD Soundsystem, que tirando a parte ruim, foi maravilhoso.
PS 2. É tudo muito irônico, eu sei, mas o próximo show que irei é justamente do Steven Wilson.
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